Na Curitiba dos anos 90, alguns artistas se reuniram para produzir um espetáculo de Formas Animadas, dirigida a um público diferente, ainda não incluído ao público habituado a consumir cultura, muito menos de Formas Animadas, ou mesmo o tradicional Teatro de Bonecos.
Este grupo de artistas, Pivete Cia de Arte, apresentaram em 1999 "CWB Numero Zero", um espetáculo que apresentava como pano de fundo o universo cruel do uso do crack...
Este grupo de artistas, Pivete Cia de Arte, apresentaram em 1999 "CWB Numero Zero", um espetáculo que apresentava como pano de fundo o universo cruel do uso do crack...
CWB Número Zero, é um espetáculo de formas animadas que descreve a trajetória de um grupo de jovens desajustados a partir de um roubo mal sucedido a uma loja de conveniências. É a história de quatro adolescentes que tentam a sobrevivência nas ruas de uma grande cidade. A construção do roteiro foi baseada em histórias reais extraídas do trabalho realizado pela companhia com crianças de rua na cidade de Curitiba, usando como metáfora para a narrativa as aventuras do garotos da terra do nunca.A construção do espetáculo se utiliza de elementos que se aproximam do repertório dos adolescentes, tais como HQs, road movies, raps, vídeo clipes, etc.... O cenário da peça reproduz com fidelidade uma metrópole (Curitiba) e a manipulação é a partir do bunrako, técnica milenar japonesa. A peça apresenta a problemática dos adolescentes e propõem uma reflexão sobre a condição dos que vivem nas ruas das grandes cidades brasileiras.
CWB Numero Zero (1999) |
Alice no País das Maravilhas é um espetáculo sobre as aventuras de uma adolescente contemporânea às voltas com a descoberta dos seus desejos. A partir da obra de Lewis Carroll, a Pivete Cia de Arte, recriou alguns ambientes onde Alice se depara com os seus "sonhos". O roteiro da peça é suportado na fuga de uma garota que, plasmada pelo tédio da sua vida cotidiana, resolve transformar sua realidade num divertido e arriscado jogo de inversão de papéis.
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Alice no País das Maravilhas (2004) |
Dez anos se passaram, em 2014, a produção de "O Rato", traz à tona um fato que tornou-se corriqueiro: crianças em situações de perigo por esquecimento de seus cuidadores!
A história ocorre em um prédio antigo na cidade de Curitiba. Uma família se reúne para um aniversário informal. Um bebê curioso está nesta casa...Um chocolate, uma porta aberta e um rato!! O roteiro reflete o confronto entre o grotesco do rato e o sublime representado pela pureza do bebê. A narrativa remete à lógica dos contos de fadas clássicos, com seus personagens assustadores simbolizando a adversidade a ser superada. Entretanto, a peça inverte o sentido óbvio da moral das fábulas para que o espectador não tenha compaixão, mas compreenda o sentido e a necessidade da tolerância.
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O Rato (2014) |
Além dos temas instigantes e das cenas com apelo realista (fugindo da característica mais evidente numa dramaturgia de teatro de bonecos para crianças: a ausência ou a negação de uma estética realista), este tipo de espetáculo apresenta também a cenografia como personagem:
Na intenção de buscar uma significação específica para as técnicas de manipulação a serem utilizadas, procurou-se relacionar as interpretações, a utilização das formas, a metodologia de ensaios e demais etapas do processo de montagem, com o que chamamos de intervenção teatral, isto é, cada artista (indivíduo) interage com sua criação (objeto) a partir da ideia de que a sua anima é que deflagra o fenômeno teatral, ou seja, cada gesto posto em cena é necessariamente o resultado da interferência de um ou mais corpos animados em outro a ser permeado de vida (ainda que efêmera). Isto se aplica aos bonecos, aos cenários, ao roteiro, à música, e assim por diante. Desta maneira adotou-se, arbitrariamente, o termo intervenção direta em diálogo com o termo manipulação direta, sendo esta portanto a síntese das técnicas utilizadas pelo grupo na elaboração e execução dos espetáculos.Assim, todos os elementos em cena, os bonecos, adereços, cenário, iluminação e trilha sonora fundem-se numa linguagem que transita entre o tédio e a fúria...o real e o imaginário.
A originalidade primeira da Pivete Cia de Arte é apresentar um simulacro, uma reinvenção do
real. Trata-se apenas de uma ficção. No entanto, as cenas evocam certa
humanidade, ou traços, palavras que fazem emergir memórias, recordações
relativas à vida e a morte, à infância, ao medo, aos conflitos e aos mitos individuais. Não diz respeito ao coletivo, ao pensamento global. Cutuca o singular, o específico de cada um. O underground de cada um.
Nesta trilogia, vislumbra-se o lúdico no trágico e repensa-se sobre a humanidade (ou a ausência dela) do ser que nos habita. (Inecê Gomes)
* Underground é uma expressão usada para designar um ambiente cultural que foge dos padrões comerciais, dos modismos e que está fora da mídia.
1998/1999
CWB Numero Zero -
Roteiro e Direção: Beto Lanza
Direção de Arte: Alfredo Gomes Filho
Bonecos: Inece Gomes, Alfredo Gomes Filho
Adereços: Inecê Gomes, Alfredo Gomes Filho
Cenografia: Alfredo Gomes Filho
Cenotécnica: Adilson Magrão
Figurinos: Amabilis de Jesus (Criação)
Bonecos: Inece Gomes, Alfredo Gomes Filho
Adereços: Inecê Gomes, Alfredo Gomes Filho
Cenografia: Alfredo Gomes Filho
Cenotécnica: Adilson Magrão
Figurinos: Amabilis de Jesus (Criação)
Costureira: Irecê de Oliveira
Técnica: Inecê Gomes
Vídeo: Alysson Carvalho
Elenco:
Alfredo Gomes Filho
Amabilis de Jesus
Beto Lanza
Heleno Jesus
Priscila Angélica
Luciano Monti Paz
Gustavinho (ator mirim)
2004
Alice no País das Maravilhas
Direção:Beto Lanza
Direção de Arte: Alfredo Gomes Filho
Bonecos: Inecê Gomes, Alfredo Gomes Filho
Adereços: Inecê Gomes, Alfredo Gomes Filho
Cenografia: Alfredo Gomes Filho
Cenotécnica: Adilson Magrão
Figurinos: Amabilis de Jesus
Trilha Sonora: Vadeco Schettini
Bonecos: Inecê Gomes, Alfredo Gomes Filho
Adereços: Inecê Gomes, Alfredo Gomes Filho
Cenografia: Alfredo Gomes Filho
Cenotécnica: Adilson Magrão
Figurinos: Amabilis de Jesus
Trilha Sonora: Vadeco Schettini
Vídeo: Murilo Hauser
Iluminação: Nadja Naira
Técnica; Jefferson Vaz
Coreografia da cena aérea: Carmem Jorge
Elenco:
Alfredo Gomes Filho
Cristina Herrera
Fernanda Zamoner
Heleno Jesus
Priscila Angélica
Produção executiva: Márcia Moraes e Cassia Damasceno
2014
O Rato
Direção: Alfredo Gomes Filho
Preparação de elenco: Luiz André Cherubini
Bonecos: Inece Gomes, Amabilis de Jesus, Alfredo Gomes Filho
Adereços: Inecê Gomes, Alfredo Gomes Filho e Adilson Magrão
Cenografia: Alfredo Gomes Filho
Cenotécnica: Adilson Magrão
Figurinos: Amabilis de Jesus (Criação), Geraldine Marie Gomes (execução)
Trilha Sonora: Vadeco Schettini
Operação de som: Ronaldo Luza Cordeiro Jr.
Iluminação: Rodrigo Ziolkowski
Elenco:
Carolina Maia
Cléber Borges
Luciane Figueiredo
Tai Gomes
Produção: Inksis Produções Artísticas Ltda e Pivete Cia de Arte.
Direção de Produção: Bia Reiner
Preparação de elenco: Luiz André Cherubini
Bonecos: Inece Gomes, Amabilis de Jesus, Alfredo Gomes Filho
Adereços: Inecê Gomes, Alfredo Gomes Filho e Adilson Magrão
Cenografia: Alfredo Gomes Filho
Cenotécnica: Adilson Magrão
Figurinos: Amabilis de Jesus (Criação), Geraldine Marie Gomes (execução)
Trilha Sonora: Vadeco Schettini
Operação de som: Ronaldo Luza Cordeiro Jr.
Iluminação: Rodrigo Ziolkowski
Elenco:
Carolina Maia
Cléber Borges
Luciane Figueiredo
Tai Gomes
Produção: Inksis Produções Artísticas Ltda e Pivete Cia de Arte.
Direção de Produção: Bia Reiner